Category Archives: manifestação

Conselhos de moda para os bravos e fabulosos

O CrimethInc. preparou há dois anos uma lista de conselhos para manifestantes, que agora recordo pois poderá ser útil para o momento que vivemos. Destina-se a todo o tipo de manifestantes, incluindo os que pretendem manter as suas acções dentro do rigoroso cumprimento da lei. O “quem não deve não teme” não se aplica nestas situações. E nem a outras já agora. O caso mais recente de que tive conhecimento foi, há uns dias, em Santiago de Compostela, a polícia forçar sem ordem judicial a entrada em casa das pessoas para as compelir a retirar cartazes das janelas com a mensagem para o papa: “eu não te espero”.

As críticas estéticas e de simbolismo às tendências da moda para protestos de massas neste Outono/Inverno são no mínimo inconsequentes e desprovidas de sentido prático, e no seu pior sectárias, demonstrando falta de solidariedade e incapacidade de compreensão das novas realidades de controle e vigilância social operadas pelos Estados. Por isso, são de rejeitar comparações com insurreições passadas como o Maio de 68

ou Stonewall nos Estados Unidos

por todos os motivos apresentados no vídeo seguinte, que deverá ser visto particularmente por quem se prepara para se manifestar contra a Nato ou até contra a crise (sejamos optimistas) e não tenha bem consciência de como funcionam as forças repressivas estatais.

Os melhores cartazes da Marcha para Restaurar a Sanidade e/ou o Medo

Alguns cartazes são realmente fabulosos.

Não deixem os americanos roubar os nossos trabalhos

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Venham mais e mais radicais formas de luta

Estiveram 300.000 pessoas na manifestação convocada pela CGTP, que seguiram o roteiro previsto para o protesto e estiveram com o seu modelo de organização e de luta. Demasiada gente e tão pouca agitação. Com um número tão elevado de manifestantes, a confederação sindical tinha obrigação de, no mínimo, já ter marcado uma greve geral, que no país vizinho está já agendada para 2 de Junho. Como organização de massas que existe para combater a exploração e os abusos de governo e patronato (dizer isto e pensar no papel da UGT e dos seus sindicalizados deixa qualquer um perplexo), já devia ter feito mais e mais cedo, dado que as medidas de austeridade vão já em estado avançado de aceitação social. O Carvalho da Silva bem pode prometer “todas as formas de luta”, mas o roteiro está traçado e não contempla a confrontação necessária para os tempos que vivemos.

A presença na manifestação por parte de sectores mais radicais foi, infelizmente, mais uma vez sem relevância. Precisamos desesperadamente de mudar o rumo a esta situação. Aumentar os nossos números, confluir numa estratégia a utilizar, aparecer com vitalidade e uma mensagem clara de forma a conseguirmos influenciar numa direcção libertária as lutas sociais. Neste momento estamos relegados para uma marginalidade em que só existimos como “extremistas” e rapazolas violentos, o que na amálgama de aparências e ilusões em que foi transformado o real pela super-máquina de propaganda/publicidade/entretenimento dos meios de comunicação de massas, significa que de facto não temos outra existência para além dessa. Geralmente a verdade sobre os “extremistas” acaba por aparecer, aqui no Indymedia ou aqui no jornal Sol, e ficamos a saber quem provocou quem, quem atacou quem e com que proporcionalidade, mas não chega para alterar a impressão que fica.